sábado, 25 de dezembro de 2010





És a minha ilha
A única tábua de redenção
És aquela que me diz que seja
Sem ter motivos de ser
Quem quer que seja
Sou apenas eu
Eu que amo
Odeio, enraiveço
Destilo os feles
Raivoso
És apenas a humildade
Das palavras que me nego dar
Sou eu, apenas eu
Que me nego ouvir
E a sentir na pele
Das amarguras que me falas
Sou eu apenas
Que me revolto
Neste mundo estranho
Este mundo que me prende
Atrofia!
Quero-me separar deste mundo
Ouvir o teu canto
As tuas preces
Que me levam a ti
Ouvir as tuas palavras harmoniosas
Que me trazem de volta
A este mundo
Que me desfez
Trazes-me com cânticos
Há minha própria razão
Para que com todo o desejo
O deixe de odiar

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010





Adorava descrever
Os meus sentimentos
Como livro aberto
De onde as palavras fluíssem
Palavras brutais como vulcões
Ou …
Dóceis como mel em pétalas
Adorava poder descrever
O ardor, mágoas
Dilúvio de aguilhoadas
Descrever as mais belas pétalas
As pétalas do meu sentimento
As mais doces, que me fluem.
Quase por entre dedos me fluíssem
Tantas mágoas.
Afáveis momentos
Quero no fundo partilhar
Tudo o que sinto
Sem nada alterar
Descrever o mais belo beijo
Com o maior dos deleites
Um beijo de quem ama
Sem que profira qualquer palavra
Beijo ardentemente
Esperando que me ripostes
O mesmo sentido
Aguardo!
Nada mais, que aguardar
-Esperando!
Que todas as palavras que me fluem
Por entre dedos
Te cheguem aos teus divinos ouvidos
Sem que as profira
E que um dia, na tua ilha
Isolada
Escutes quem eu sou!

domingo, 12 de dezembro de 2010

Para ti





Tu que me embalas
Na tua calma e serenidade
Nessa tua altivez
Perseverança
Rígida como rochedo
Não ripostas
Cantas!
Às minhas palavras duras
Atitudes desgovernadas
Frases ditas com ardor
Fonte de mágoas
Angustia
Da qual és virgem
Declaro guerra a estes juízos
Que me devoram
Consomem todos os sentidos
Puros
Dos quais és repleta
Desta vida que levas
Como aluvião
Cheia de sentido e sentimentos
Cheia de histórias
Trazes-me os tempos que esqueci,
Inundado em agonias
Tu que me embalas
Me cantas essas tuas antigas memórias
Da infância que viveste
Dura e arrapazada
Mas feliz por todos
Os momentos vividos
Tu que me cantas
Traz a mim essa infância
Que esqueci.
Perdida algures em mim
Busco intensamente
Mas só te encontro a ti

sábado, 11 de dezembro de 2010





Gostava de compor
Uma obra-prima
Gerir uma grande orquestra
De palavras que dancem
A valsa dos meus sentimentos
Gostava de ver estas palavras
A abraçarem esse teu ego
E ver-te dançar
Levemente esta valsa
Que me proponho compor
Levar-te com as minhas
Módicas palavrinhas
Neste bailar suave
Guiar o teu corpo
Baloiçar de papoilas
À amena brisa
Quero compor
Apenas para ti
Para te poder sentir
No teu suave rodopiar
Que os deuses me ajudem
A compô-la

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010





Caminho…
Olhando a ponta das botas,
Corcovado
Toneladas às costas
De atropelos e atitudes.
Erradas ou certas…
Caminho, contando mosaicos
Entre linhas e fissuras.
Poiso forte os pés,
Fumando!
O cigarro que se nega acalmar-me,
Este desassossego que me percorre.
Forte vontade de fazer
Medo que me atropela
Fazer errado,
Ma!l
Fico sem fazer
Tento acalmar este meu
Ser.
Caminhando…
Fechado e oculto!
Vergonha de ser quem sou.