Todos os Domingos
Se tornam Santos
Santas,
Aqueles que em peito batem
Como esbofeteados pela palavra
De uma sentença dita certa
Batem em peito oco
Percorrem caminhos
Feitos peregrinos
Inchados que nem pavões
Prenunciam o nome de um Deus
Que julgam ignorante
Batem em peito oco
Feitos peregrinos
De um beco sem saída
Caminham todos em conjunto
Bisbilhotando, cochichando.
- Julgam o Deus ignorante?
Um Deus que vos acompanha
Nessa jornada domingueira
Depois de tantas coisas belas
- Não terá Deus descansado no seu percurso?
-Foi no sétimo dia?
Grandes memórias.
Caminham em conjunto batendo em peito oco
Como rebanho de ovelhas ordenado
Hierarquicamente.
Procuram refúgio
Entre paredes de pedra
Abobadas em meia-lua
Firmadas em grandes pilares rochosos
Luz filtrada por coloridos vitrais
-Terá a mão do Homem o poder…?Caminham na busca de protecção
De um divino que julgam cego.
Batem em peito oco
Debaixo do seu teto
Será a mão do Homem o poder
Da infinita demonstração
De um divino em cada um alojado?
1 comentário:
Parecem carneiros que já sabem o caminho e julgam Deus ignorante...
Realmente está tudo dito.As figuras dessas beatas desenham-se nas nossas mentes e ganham movimento.Muito realista...continue que está a sair vertiginosamente das «amarras» de uma relação sem nada para o tornar aquele homem-poeta que sentimos que é.bjo
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