sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Alma


A alma que todos aconchegamos  
No nosso profundo íntimo 
Janela que se abre, ainda no útero materno  
Vislumbres esquecidos, de vidas passadas 
De todos os Amores e desamores 
Encontros e desencontros 
Que se repetem  
Janela após janela, lição após lição, 
Carregamos todas elas, mas adormecidas 
As mágoas de outrora, repulsa de hoje 
Amores com fins trágicos, 
São paixões loucas. 
Onde o nexo perde a razão e até polos contrários 
se atraem  
Verdadeiras disputas por algo que se perdeu no tempo 
Noutras janelas, vidas inacabadas  
Mal preenchidas  
Naquelas que perdemos a noção  
Da essência que carregamos 
E a vida encarrega-se de nos mastigar os sentimentos 
Até que a noção renasça  
A vida é uma cadeira na faculdade  
Aprender a controlar a repulsa  
Perceber que essa mesma pode ter sido gerada  
Por nós próprios 
- Lancei um desejo em tempos.  
Deparei-me com ele realizado. 
Na expressão de um bebé 
Levando-me a um infindável labirinto de emoções 
Na palavra “Papá!” 
- Quantas vezes o fui? 
 
 
Rui Santos 
03/02/23