domingo, 9 de junho de 2024

Escravo de mim

 


Carreguei pedras 
A toque de chicotadas que a vida me dava 
Com todas elas construi uma muralha  
Onde cerquei os meus sentimentos 
Ergui tão alto que me restavam apenas 
Nesgas para olhar o exterior 
Descobri então que não era fora  
Delas que deveria observar 
Deveria encontrar em mim 
A razão de tal construção 
As cicatrizes turvam-me a vista e os sentimentos  
Lentamente vou desmontando 
As pesadas pedras do passado 
E limpando as cicatrizes de mim 
Essas marcas deixadas, 
Talvez com um propósito 
O de crescer interiormente o suficiente 
Para perceber toda esta muralha 
Entender os meus instintos animalescos 
Impulsos dados tal como eram   
As sentidas chicotadas, dados pelo tempo 
Ando à deriva, procurando a ponta  
Ou estarei eu nele mesmo 
O rumo certo que tanto procuro 
Com o tempo vou desmontando  
Todo este percurso  
E dou por mim a receber forças 
De onde menos espero  
E nasce em mim o poder de sonhar 
Grato a ti que me abraças 
Sem que te tenha pedido 
Vindo do nada, de forma Singela e nobre 
Deu-me a noção do caminho a percorrer 
E da aceitação de mim mesmo 
 
 
Rui Santos  
09/06/24


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