sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Viagem a casa

 


Pendurado numa montanha russa
Deslizava a grande velocidade
Atravessando cenários
Enorme pano de cinema
Preenchia-me por completo o campo de visão
De cena em cena
Vividas de tal forma que era palpável
De cenas grotescas às mais belas
Alguma vez por mim vistas
Senti o quão áspero o aço era
Por vezes ficava às escuras
Mas deslizava a grande velocidade
Sentia no corpo as oscilações
Curvas e travagens
Vi armas que não existem nesta Era
Monstros e hermafroditas
Deusas, seres de luz e entes queridos
De cena em cena
Vi cidades.
 Por vezes parava
Procurando localizar-me
Passei pelo cenário mais belo
Por mim visto
Onde Vós vos ergueis do solo
Numa planície pouco arborizada
Verdejante e colorida
Um foco de luz forte
Brilhante que me abraçava
Carinhosamente, senti-me
Dentro de útero materno
Luz mais bela que a do Sol
Branca e morna
Que me devolveu o sossego
De tal viagem tresloucada
Vi a vossa luz desenrolar-se
Nas trevas mostrando-me a vastidão
De colorida planície
Reparei que não havia sombras
Nem mesmo atrás do arvoredo
Não sentia o peso do  meu corpo
Achei-me em casa
Agradeço-vos por me terdes mostrado
O Éden

Rui Santos
25/10/24

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