quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Semente

 

Quem me dera erguer-me 
Acima de mim mesmo 
Deixar estas raízes da dualidade 
Onde a dor, a agonia, a tristeza 
Todos os sentimentos obscuros,  
caminham de mão dada  
Com os sentimentos opostos 

Quem me dera 
Saber lidar com essas raízes  
em mim fundadas 
Onde o meu ego, não vive 
apenas sobrevive 
 
Quem me dera 
Ouvir a semente que o Criador 
em mim depositou 
A alma que por aqui vagueia  
Sem a certeza do rumo 
Do propósito, antes combinado 
 
Quem me dera 
Livrar-me das raízes que alimentam   
um menino doente 
Que pelas ruas se arrastava  
E nas horas escuras  
Não ouvia a sua semente 
Num choro abafado  
Desejava a morte  
Um reencontro com ancestrais  

Quem me dera 
Puder seguir as suas vozes 
Gritar alto, que esse menino  
Rasgou os laços que  
O seguravam na amargura  
O menino que agora se recusa morrer 
Que se alimenta de sonhos 
Sem mesmo saber o seu rumo 

Quem me dera 
Ter asas de colibri 
Alimentar-me de coloridas flores 
E finalmente gritar aos ancestrais   
Que estou livre desta  
Dualidade 
 
Rui Santos  
11/12/24 

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Sonhos

 


Quero construir um castelo 
De vento feito 
Com altas torres  
Vestidas de belas cores  
Quero largar ferro nas nuvens  
Deixar-me levar por aí. 

  
Dentro das grandes muralhas  
No meio do pátio  
Um jardim, ladeado por antúrios  
Tulipas, hortenses e muitas papoilas 
Semear nesse jardim os meus sonhos 
Todos os meus desejos  
Que guardei em ilha remota 
 
Quero resgatar essas sementes 
E cuidar delas, deixar que  
O choro das estrelas as regem  
E o astro rei as alimente 
Para que todas elas floresçam  
 
Quero içar vela de novelinha 
matinal feita 
Neste mastro de raio solto  
pela Mãe natureza 
Içar ferro e velejar no meu  
Florido castelo  
E feito rasto de asteroide 
Riscar os céus  
 
 
Rui Santos 
10/12/24