quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Semente

 

Quem me dera erguer-me 
Acima de mim mesmo 
Deixar estas raízes da dualidade 
Onde a dor, a agonia, a tristeza 
Todos os sentimentos obscuros,  
caminham de mão dada  
Com os sentimentos opostos 

Quem me dera 
Saber lidar com essas raízes  
em mim fundadas 
Onde o meu ego, não vive 
apenas sobrevive 
 
Quem me dera 
Ouvir a semente que o Criador 
em mim depositou 
A alma que por aqui vagueia  
Sem a certeza do rumo 
Do propósito, antes combinado 
 
Quem me dera 
Livrar-me das raízes que alimentam   
um menino doente 
Que pelas ruas se arrastava  
E nas horas escuras  
Não ouvia a sua semente 
Num choro abafado  
Desejava a morte  
Um reencontro com ancestrais  

Quem me dera 
Puder seguir as suas vozes 
Gritar alto, que esse menino  
Rasgou os laços que  
O seguravam na amargura  
O menino que agora se recusa morrer 
Que se alimenta de sonhos 
Sem mesmo saber o seu rumo 

Quem me dera 
Ter asas de colibri 
Alimentar-me de coloridas flores 
E finalmente gritar aos ancestrais   
Que estou livre desta  
Dualidade 
 
Rui Santos  
11/12/24 

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