Vida, um lago azul translucido
De suave turquesa pintado
Corais coloridos que adornam seu leito
Brisas suaves sopram
Na direção que a Mãe natureza cria
Velejam pequeninos barcos
Alguns com leme!
Outros apenas derivam.
Confiantes na Mãe
Barquinhos frágeis
Afundam nesta turquesa translucida
Devolvendo à Mãe os seus filhos
Naufrágios que a Vida nos dá
Sopros mais fortes
Que o Criador nos entrega.
Desafios!
Mesmo à deriva, os firmes seguem
Com a esperança desenhada
No peito, a fé
Que um dia a brisa nos dirija
Ao ancoradouro
Que pequenas sementes se libertem
Floresçam para embelezar as margens
Que a vida tem
Rui Santos
21/10/25
terça-feira, 21 de outubro de 2025
Vida
quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
Semente
Quem me dera erguer-me
Acima de mim mesmo
Deixar estas raízes da dualidade
Onde a dor, a agonia, a tristeza
Todos os sentimentos obscuros,
caminham de mão dada
Com os sentimentos opostos
Quem me dera
Saber lidar com essas raízes
em mim fundadas
Onde o meu ego, não vive
apenas sobrevive
Quem me dera
Ouvir a semente que o Criador
em mim depositou
A alma que por aqui vagueia
Sem a certeza do rumo
Do propósito, antes combinado
Quem me dera
Livrar-me das raízes que alimentam
um menino doente
Que pelas ruas se arrastava
E nas horas escuras
Não ouvia a sua semente
Num choro abafado
Desejava a morte
Um reencontro com ancestrais
Quem me dera
Puder seguir as suas vozes
Gritar alto, que esse menino
Rasgou os laços que
O seguravam na amargura
O menino que agora se recusa morrer
Que se alimenta de sonhos
Sem mesmo saber o seu rumo
Quem me dera
Ter asas de colibri
Alimentar-me de coloridas flores
E finalmente gritar aos ancestrais
Que estou livre desta
Dualidade
Rui Santos
11/12/24
terça-feira, 10 de dezembro de 2024
Sonhos
Quero construir um castelo
De vento feito
Com altas torres
Vestidas de belas cores
Quero largar ferro nas nuvens
Deixar-me levar por aí.
Dentro das grandes muralhas
No meio do pátio
Um jardim, ladeado por antúrios
Tulipas, hortenses e muitas papoilas
Semear nesse jardim os meus sonhos
Todos os meus desejos
Que guardei em ilha remota
Quero resgatar essas sementes
E cuidar delas, deixar que
O choro das estrelas as regem
E o astro rei as alimente
Para que todas elas floresçam
Quero içar vela de novelinha
matinal feita
Neste mastro de raio solto
pela Mãe natureza
Içar ferro e velejar no meu
Florido castelo
E feito rasto de asteroide
Riscar os céus
Rui Santos
10/12/24
sexta-feira, 25 de outubro de 2024
Viagem a casa
Pendurado
numa montanha russa
Deslizava a grande velocidade
Atravessando cenários
Enorme pano de cinema
Preenchia-me por completo o campo de visão
De cena em cena
Vividas de tal forma que era palpável
De cenas grotescas às mais belas
Alguma vez por mim vistas
Senti o quão áspero o aço era
Por vezes ficava às escuras
Mas deslizava a grande velocidade
Sentia no corpo as oscilações
Curvas e travagens
Vi armas que não existem nesta Era
Monstros e hermafroditas
Deusas, seres de luz e entes queridos
De cena em cena
Vi cidades.
Por vezes parava
Procurando localizar-me
Passei pelo cenário mais belo
Por mim visto
Onde Vós vos ergueis do solo
Numa planície pouco arborizada
Verdejante e colorida
Um foco de luz forte
Brilhante que me abraçava
Carinhosamente, senti-me
Dentro de útero materno
Luz mais bela que a do Sol
Branca e morna
Que me devolveu o sossego
De tal viagem tresloucada
Vi a vossa luz desenrolar-se
Nas trevas mostrando-me a vastidão
De colorida planície
Reparei que não havia sombras
Nem mesmo atrás do arvoredo
Não sentia o peso do meu corpo
Achei-me em casa
Agradeço-vos por me terdes mostrado
O Éden
Rui Santos
25/10/24
