Quem me dera erguer-me
Acima de mim mesmo
Deixar estas raízes da dualidade
Onde a dor, a agonia, a tristeza
Todos os sentimentos obscuros,
caminham de mão dada
Com os sentimentos opostos
Quem me dera
Saber lidar com essas raízes
em mim fundadas
Onde o meu ego, não vive
apenas sobrevive
Quem me dera
Ouvir a semente que o Criador
em mim depositou
A alma que por aqui vagueia
Sem a certeza do rumo
Do propósito, antes combinado
Quem me dera
Livrar-me das raízes que alimentam
um menino doente
Que pelas ruas se arrastava
E nas horas escuras
Não ouvia a sua semente
Num choro abafado
Desejava a morte
Um reencontro com ancestrais
Quem me dera
Puder seguir as suas vozes
Gritar alto, que esse menino
Rasgou os laços que
O seguravam na amargura
O menino que agora se recusa morrer
Que se alimenta de sonhos
Sem mesmo saber o seu rumo
Quem me dera
Ter asas de colibri
Alimentar-me de coloridas flores
E finalmente gritar aos ancestrais
Que estou livre desta
Dualidade
Rui Santos
11/12/24