terça-feira, 21 de outubro de 2025

Vida


Vida, um lago azul translucido
De suave turquesa pintado
Corais coloridos que adornam seu leito
Brisas suaves sopram
Na direção que a Mãe natureza cria
Velejam pequeninos barcos
Alguns com leme!
Outros apenas derivam.
Confiantes na Mãe
Barquinhos frágeis
Afundam nesta turquesa translucida
Devolvendo à Mãe os seus filhos
Naufrágios que a Vida nos dá
Sopros mais fortes
Que o Criador nos entrega.
Desafios!
Mesmo à deriva, os firmes seguem
Com a esperança desenhada
No peito, a fé
Que um dia a brisa nos dirija
Ao ancoradouro
Que pequenas sementes se libertem
Floresçam para embelezar as margens
Que a vida tem

Rui Santos
21/10/25



 



quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Semente

 

Quem me dera erguer-me 
Acima de mim mesmo 
Deixar estas raízes da dualidade 
Onde a dor, a agonia, a tristeza 
Todos os sentimentos obscuros,  
caminham de mão dada  
Com os sentimentos opostos 

Quem me dera 
Saber lidar com essas raízes  
em mim fundadas 
Onde o meu ego, não vive 
apenas sobrevive 
 
Quem me dera 
Ouvir a semente que o Criador 
em mim depositou 
A alma que por aqui vagueia  
Sem a certeza do rumo 
Do propósito, antes combinado 
 
Quem me dera 
Livrar-me das raízes que alimentam   
um menino doente 
Que pelas ruas se arrastava  
E nas horas escuras  
Não ouvia a sua semente 
Num choro abafado  
Desejava a morte  
Um reencontro com ancestrais  

Quem me dera 
Puder seguir as suas vozes 
Gritar alto, que esse menino  
Rasgou os laços que  
O seguravam na amargura  
O menino que agora se recusa morrer 
Que se alimenta de sonhos 
Sem mesmo saber o seu rumo 

Quem me dera 
Ter asas de colibri 
Alimentar-me de coloridas flores 
E finalmente gritar aos ancestrais   
Que estou livre desta  
Dualidade 
 
Rui Santos  
11/12/24 

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Sonhos

 


Quero construir um castelo 
De vento feito 
Com altas torres  
Vestidas de belas cores  
Quero largar ferro nas nuvens  
Deixar-me levar por aí. 

  
Dentro das grandes muralhas  
No meio do pátio  
Um jardim, ladeado por antúrios  
Tulipas, hortenses e muitas papoilas 
Semear nesse jardim os meus sonhos 
Todos os meus desejos  
Que guardei em ilha remota 
 
Quero resgatar essas sementes 
E cuidar delas, deixar que  
O choro das estrelas as regem  
E o astro rei as alimente 
Para que todas elas floresçam  
 
Quero içar vela de novelinha 
matinal feita 
Neste mastro de raio solto  
pela Mãe natureza 
Içar ferro e velejar no meu  
Florido castelo  
E feito rasto de asteroide 
Riscar os céus  
 
 
Rui Santos 
10/12/24
 




sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Viagem a casa

 


Pendurado numa montanha russa
Deslizava a grande velocidade
Atravessando cenários
Enorme pano de cinema
Preenchia-me por completo o campo de visão
De cena em cena
Vividas de tal forma que era palpável
De cenas grotescas às mais belas
Alguma vez por mim vistas
Senti o quão áspero o aço era
Por vezes ficava às escuras
Mas deslizava a grande velocidade
Sentia no corpo as oscilações
Curvas e travagens
Vi armas que não existem nesta Era
Monstros e hermafroditas
Deusas, seres de luz e entes queridos
De cena em cena
Vi cidades.
 Por vezes parava
Procurando localizar-me
Passei pelo cenário mais belo
Por mim visto
Onde Vós vos ergueis do solo
Numa planície pouco arborizada
Verdejante e colorida
Um foco de luz forte
Brilhante que me abraçava
Carinhosamente, senti-me
Dentro de útero materno
Luz mais bela que a do Sol
Branca e morna
Que me devolveu o sossego
De tal viagem tresloucada
Vi a vossa luz desenrolar-se
Nas trevas mostrando-me a vastidão
De colorida planície
Reparei que não havia sombras
Nem mesmo atrás do arvoredo
Não sentia o peso do  meu corpo
Achei-me em casa
Agradeço-vos por me terdes mostrado
O Éden

Rui Santos
25/10/24