terça-feira, 19 de abril de 2022

 

O pó que assentou
Neste meu abandono
Papel amarrotado a um canto jogado
Manchas do café que não me desperta
Nos olhos o ardor do fumo
Tabaco que não me acalma
E rolam as lagrimas sobre um papel
Sem ideias
E nesta quietude as palavras azedam
Na ideia que não germina e abolorece
Encarquilham-se as raízes destas ideias
Como os cabelos que desguedelho entre dedos
- Não existem fisioterapeutas da escrita?
-Endireitas das ideias?
Qualquer um
Que me faça soltar gritos de dor e revolta
E me deixe articular uma frase que seja
Sem que a rabisque e jogue no lixo?
Esta quietude tornou-se áspera
Dura de engolir
E o nó na garganta aperta!
Rui Santos
27/08/20

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