terça-feira, 19 de abril de 2022

Mar revolto



Partiram-se as amarras desta minha nau 

As que me seguravam em porto de abrigo 
Estava como em ventre de Mãe 
Não adianta lançar ferro em mar revolto! 
Velas feitas de ligaduras  
Lançadas ao feroz vento  
Esfarrapam-se nesse sopro dos Deuses! 
Curva-as o céu e chora 
Lagrimas que ferem que nem balas 
Caídas das alturas 
Onde se penduram as estrelas 
Que por vezes riscam o céu  
Como Suspiros de saudade  
Largados na noite 
Não adianta lançar ferro em chão tão fundo 
Arrancadas ao sopro dos Deuses 
Tiras de pano que ato nos pulsos! 
E firme seguro o timão desta nau 
Agitadas pelo Rei das profundezas 
Estas ondas que rebentam em casca de noz 
Que todos os Deuses sejam piedosos 
E antes que me afunde com esta nau 
Lançarei ferro nem que seja a uma estrela 
Para que mesmo lá do alto  
Sirva de timão  


Rui Santos  
18/04/19


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